sexta-feira, março 21, 2008

Encontros e Desencontros

Ao contrário dos outros dias,
normais
vulgares
hoje não me recolhi.
Passei a noite a contemplar a beleza da Lua,
escondido sob um manto de estrelas para não ser descoberto.
Havíamos trocado juras de amor eterno em tenra idade.
Cedo descobrimos que caminhos diferentes nos impediriam de permanecermos juntos.
Sempre vivi no inconsolo de nunca ter provado os lábios da Lua.
Um dia à conversa com uma Fénix tomei conhecimento de que o rumo da minha natureza peculiar poderia ser contrariado
pois tal como as estrelas,
também eu sou uma
o Sol.

As noites passaram a ter um novo brilho,
permaneço oculto,
adorando e amando o maravilhoso olhar da Rainha dos Astros.

(Sérgio Minhós)

domingo, março 09, 2008

Consciência

No meu coração
o pedaço ao qual pertences
está ocupado por uma pedra que vai crescendo com o decorrer dos anos,
simbolizando uma consciência negra
fria
triste.
Fantasmas do passado que me assombram a cada recordar.
Sou como um malmequer
permito-me arrancar as minhas pétalas
na esperança de que a última me traga a resposta que procuro.
Algo que ajude a perdoar-me a mim mesmo e a ti por actos menos dignos
que me permita recuperar o que à tanto tempo deixei escapar da minha vida.
A possibilidade de ser verdadeiramente feliz?
Talvez. Não sei.

Tal preciosidade já não me pertence.

(Sérgio Minhós)
21-12-06

quinta-feira, março 06, 2008

Voo Descendente

A estrada é a areia movediça em que me afundo
e me impede cada vez mais de ver o horizonte.
Caminho e perco a imagem dos meus pés,
joelhos,
cintura.
Será a vida um eterno caminho labiríntico sem saída?
Vazia?
Quero ver o Sol,
sentir os seus braços a apoiar-me,
sentir o seu sorriso e a serenidade propagada pelo seu calor
quero caminhar em direcção à sua luz
vestindo a pele de um Icarus diferente,
sem obsessões,
sem ser indiferente aos outros.

Um ser que sofre, que sorri, que chora, que deseja, que ama.
Um ser que sente.

(Sérgio Minhós)
17-01-08