
Velhos tempos,
passava dias, horas, minutos, segundos!
A projectar o mesmo filme na minha cabeça.
Cobria-te com o cheiro das flores da época,
de pequenos e calorosos toques labiais,
provava o néctar da tua pele.
Perdia-me a contemplar com júbilo
o meu reflexo no espelho natural dos teus olhos,
o único lugar onde poderia alguma vez ter brilho.
O descobrir,
o aprender
o viver as coisas intensamente.
O beber o prazer até à exaustão.
Não sobrou muita coisa para fazer senão todas aquelas coisas
que nos roubam os anos
a esperança
e nos matam lentamente.
O belo e o feio adquirem novos contornos.
Confuso
tento arrumar tudo
separar passado, presente e futuro
mas acaba tudo na mesma gaveta.
Prefiro fechar tudo à chave e esperar sem expectativa
o abraço do escuro.
Durmo, durmo, durmo...
(Sérgio Minhós)
27-11-06